segunda-feira, 13 de maio de 2019

O Sétimo Guardião: o realismo fantástico que não teve quase nada de fantástico



Faltando cinco capítulos para o fim de O Sétimo Guardião (esse texto foi escrito na segunda-feira, dia 13), a novela das 21h da Globo vai embora sem deixar saudades. Uma trama fraca, sem empatia com o público e que gerou mais comentários por causa de situações extracampo de alguns de seus atores.
Aguinaldo Silva, autor da trama, declarou que o folhetim seria sua volta ao realismo fantástico. A expectativa era grande, afinal, quem escreveu grandes novelas da história (Roque Santeiro, Tieta, Pedra Sobre Pedra, Senhora do Destino e outras) já demonstrou sua competência para fisgar o telespectador. Mas não foi isso que aconteceu.

O problema é que O Sétimo Guardião não teve quase nada de realismo nem de fantástico. A trama central – a fonte protegida por uma irmandade em uma cidadezinha sem tecnologia alguma – se apresentou rasa, sem profundidade. Os sete guardiões – ou guardiães – não convenceram o telespectador, e isso foi primordial para a novela não decolar, já que os sete personagens não geraram empatia com o público. Gabriel (Bruno Gagliasso) foi insosso a trama inteira. Não teve química com Luz (Maria Ruy Barbosa). Assim, não houve torcida.

A principal vilã da novela, Valentina (Lília Cabral), também não gerou comoção junto às pessoas, como em outras novelas. Frases para virar memes foram o resultado. E só! Muito superficial. O que é uma pena para uma atriz do quilate de Lília.

O outro vilão da novela, Olavo, talvez tenha sido um dos personagens mais complicados que deram ao grande Tony Ramos: mal aproveitado e de desenvolvimento fraco. Uma pena! E uma novela que deixa Lília e Tony com esses personagens não poderia mesmo dar muito certo.

As tramas paralelas também se mostraram desinteressantes. Pelo menos, o seu desenvolvimento. O núcleo de Nicolau e Afrodite (Marcelo Serrado e Carolina Dieckmann) apresentou apenas um novelo de preconceitos, que, tratados de maneira convincente, poderia gerar um debate interessante. Mas não foi para esse lado.

                             Mirtes: o maior destaque de O Sétimo Guardião. Foto: Globo/ Reprodução

Apesar de ser um trama com realismo fantástico, ou seja, tudo poderia acontecer, O Sétimo Guardião não teve nem um nem outro. A direção também pecou um pouco: em várias cenas, principalmente no casarão de Egídio e Gabriel e na gruta, a escuridão pairava. Muitas vezes não dava nem para ver direito o rosto dos personagens.

Indiferença: acho que essa pode ser o resumo da novela. O resultado foi uma trama sem repercussão nas redes sociais, e no dia a dia, e sem muita audiência: até a penúltima semana, O Sétimo Guardião acumulava média geral de 29 pontos, abaixo das últimas três antecessoras, acima apenas de Babilônia, A Lei do Amor e de A Regra do Jogo e empatada com Velho Chico.

Mas nem tudo foi ruim: apesar dos pesares, a trama apresentou alguns pontos positivos. O maior deles, Mirtes. Elizabeth Savalla foi sensacional. E aqui, ponto para Aguinaldo, que percebeu o poder da personagem e investiu. Tiro certo!

Judith, vivida pela também brilhante Isabela Garcia, foi outro destaque. O crescimento ao longo da trama foi uma resposta à sua atuação. Precisamos de Isabela mais vezes na telinha.
Lourdes Maria (Bruna Linzmeyer) foi outra que aproveitou bem o papel. Giulia Gayoso, com sua maldosa Rivalda, também se destacou. Não se pode esquecer de Nany People e seu Marcos Paulo.

Agora, é esperar pela A Dona do Pedaço, do incansável Walcyr Carrasco, autor do fenômeno O Outro Lado do Paraíso. Carrasco sabe fisgar o telespectador com reviravoltas em suas novelas e, mesmo que tenha um texto muitas vezes fraco e até vulgar, suas tramas não passam despercebidas: seja na audiência ou na repercussão.

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